O mercado financeiro foi surpreendido pela queda abrupta das ações da Tesla, que afundaram cerca de 7% após a apresentação dos novos protótipos de táxis autônomos liderada por Elon Musk. O tão aguardo evento foi realizado em Burbank, Califórnia, e trouxe ao público a estreia do Cybercab, um sedan de dois lugares que Musk prometeu chegar às linhas de produção até 2026, com um valor estimado inferior a US$ 30.000. À primeira vista, o anúncio parecia promissor, mas deixou muito a desejar em termos de detalhes operacionais que os investidores esperavam ouvir.
No cerne da decepção, está a falta de especificações técnicas e o silêncio sobre como a Tesla pretendia transitar das já conhecidas ferramentas de assistência ao motorista para um veículo totalmente autônomo. O Cybercab, embora inovador, não entrega clareza nos pontos que mais interessam ao mercado: como as questões regulatórias serão abordadas e qual será o papel de propriedade da Tesla nesse novo cenário. Apesar de sua tradicional ousadia, Musk se esquivou de comentar se a empresa planejava possuir e operar toda a frota de Cybercabs, o que deixou investidores confusos e inseguro sobre o futuro dessa empreitada.
Somando a esse cenário de dúvidas, o evento também trouxe um personagem inusitado chamado Robovan, um veículo do tipo van capaz de transportar até 20 pessoas. Ainda que futurista e grandioso, a apresentação careceu de substância robusta para convencer os críticos sobre a viabilidade desses anúncios. Juntamente com o Robovan, houve uma atualização sobre o robô humanoide da Tesla, o Optimus. Contudo, toda essa pompa e grandiosidade não foram suficientes para evitar o impacto negativo no valor das ações.
A realidade é que todo esse episódio ocorre em um momento delicado para Musk, cujo prestígio e imagem estão em prova. Nos dias que precederam o evento, a Tesla sofreu com a saída de executivos chave, sinalizando um ambiente interno possivelmente conturbado e alimentando a insegurança dos acionistas. A empresa tem um histórico de promessas futuristas feitas por Musk que não são entregues no prazo, especialmente no que se refere ao setor de veículos autônomos.
Relembrando passagens passadas, em 2019, o magnata prometeu que a Tesla teria mais de um milhão de robotaxis nas ruas até o ano seguinte. No entanto, até agora, a empresa ainda não conseguiu lançar um único veículo autônomo real. Na apresentação recente, a única informação específica foi o preço do Cybercab, o que, na avaliação de Nancy Tengler, CEO da Laffer Tengler Investments, estava muito aquém das expectativas sem o devido conteúdo concreto.
Esse salto brusco no mercado ocorre contraditoriamente após uma escalada siginificativa das ações da Tesla, que havia acumulado um aumento de quase 70% desde meados de abril, muito impulsionadas justamente pela antecipação em torno deste evento dos táxis autônomos. Os investidores, já impacientes e ávidos por inovações palpáveis, acabaram se deparando com um cenário de incertezas e promessas vagas, algo que teve reflexos imediatos e dramáticos no valor de mercado da empresa liderada por Musk.
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