Escolinha do Professor Raimundo – Por que ainda faz a gente rir?
Se você cresceu assistindo TV nos anos 90, com certeza se lembra das aulas do Professor Raimundo (Chico Anysio) e da turma doida que respondia tudo errado só para gerar piada. Mas o que faz essa escolha de humor ainda ser tão viva hoje? A resposta está na combinação de críticas sociais, trocadilhos e personagens que representam tipos de gente que a gente vê no dia a dia.
O programa nasceu como um quadro no “Chico Anysio Show” e ganhou vida própria em 1990, na TV Globo. A ideia era simples: colocar um professor sério e rígido diante de alunos improdutivos, cada um com um jeito peculiar de falar e agir. O resultado foi uma mistura de sátira e carinho que acabou conquistando o público inteiro.
Origens e formato da Escolinha
Na primeira temporada, a cenografia era mínima – apenas um quadro negro, mesas e cadeiras. Isso deixava o foco nas falas. Cada episódio trazia três a quatro situações de sala de aula, sempre terminando em risada coletiva. O humor era inteligente: Chico usava a figura do professor para comentar política, cultura pop e até assuntos do cotidiano. Por isso, a Escolinha funcionava como um espelho da sociedade, mas sem perder a descontração.
Com o tempo, o programa foi se modernizando. Novos personagens entraram, como o Caolho (Luiz Carlos Vasconcelos) que nunca via a resposta certa, e o Paschoal (José Matheus), o aluna que falava tudo em português errado. Cada um trouxe uma camada de crítica – à burocracia, ao ensino tradicional, à pretensão. Mas a fórmula base nunca mudou: o professor faz a pergunta, o aluno responde errado, e o riso acontece.
Personagens que marcaram época
Os personagens são a alma da Escolinha. O mais famoso, sem dúvidas, é o Sevilha (Milton Gonçalves), que falava “cê ‘tá?” ao invés de “você está”. Seu jeito desajeitado virou meme antes mesmo da internet ter meme! Outro ícone é a Dona Gessica (Nazaré Tavares), que sempre falava “não tem filho, não tem cachorro”. Ela encarnava a típica dona de casa que tenta disfarçar a ignorância com uma voz doce.
E tem ainda o João Grilo, que sempre dava respostas filosóficas que confundiam até o professor. Cada personagem tinha uma mensagem sutil: a turma representa nossos medos, nossos preconceitos e aqueles que não se encaixam nos padrões. Quando o público reconhecia a figura na vida real, a risada virava aprovação.
Além dos personagens, a Escolinha também trouxe participações especiais. Celebridades como Xuxa, Angélica e até políticos apareceram como “alunos”. Isso reforçou a ideia de que a crítica é para todos, sem exceção.
Hoje, quem não conhece algum bordão da Escolinha? “Manda brasa, professor!” ainda ecoa nas redes sociais, e os quadros são reprisados em canais de streaming. A pegada atemporal faz com que novas gerações descubram o humor de Chico Anysio e se identifiquem com a bagunça organizada da sala de aula.
Se você quer reviver momentos clássicos ou entender por que o programa ainda tem espaço nas discussões de humor, basta assistir a um episódio completo. Preste atenção nas piadas de duplo sentido, nos trocadilhos regionais e na forma como o Professor Raimundo nunca perde a paciência – mesmo quando o aluno fala que “o livro está na caixa de pizza”.
Em resumo, a Escolinha do Professor Raimundo continua relevante porque combina crítica social, linguagem simples e personagens que são reflexos da gente. É um convite para rir de nós mesmos, sem medo de errar. E, claro, para lembrar que a melhor lição da vida é saber levar a sério o que não tem seriedade nenhuma.