Evertton Araújo elogia Gerson e Filipe Luís e revela vínculo essencial no Flamengo

Na manhã de 14 de janeiro de 2025, enquanto o Clube de Regatas do Flamengo treinava sob o sol de Orlando, um jovem de 21 anos se aproximava do capitão com um olhar de quem não quer perder nem um detalhe. Evertton Araújo, volante formado no Ninho do Urubu, não estava só treinando — estava aprendendo. E não com qualquer um: com Gerson Santos da Silva, ídolo, líder e referência. "Nossa relação é muito boa, Gerson é um ídolo para mim. Procuro sempre escutar e estar perto dele para aprender cada dia mais. Muito gratificante estar perto dele. Às vezes me dá conselhos, às vezes puxa orelha (risos)", disse Araújo, rindo, em entrevista exclusiva à GE Globo. O momento era simples, mas simbólico: um garoto que, há um ano, mal entrava em campo, agora caminha ao lado de um dos maiores nomes da história recente do clube.

De reserva a campeão: a transformação de um ano

Antes de 2024, Evertton Araújo era quase um nome esquecido nos bastidores. Em toda a temporada de 2023, ele só jogou três partidas profissionais — todas contra times de base na Copa Rio. Ninguém imaginava que, em 12 meses, ele seria peça-chave na conquista da Copa do Brasil de 2024. O ponto de virada veio com a chegada de Filipe Luís Krumm ao comando técnico em 2024. Sob o treinador de 39 anos, ex-lateral da Seleção Brasileira e ex-jogador do Atlético de Madrid, Araújo passou de 3 para 15 jogos no ano. Marcou seu primeiro gol profissional em 18 de agosto, em um empate 1 a 1 contra o Atlético Paranaense em Curitiba — um resultado que a imprensa chamou de "heróico". E não parou por aí: foi titular em jogos decisivos da Copa do Brasil, ganhou confiança e, em 7 de dezembro de 2024, renovou seu contrato até 2028 com aumento salarial significativo.

"Ele é muito inteligente": o estilo de Filipe Luís que mudou tudo

Se Gerson é o exemplo no gramado, Filipe Luís é o arquiteto da transformação. "A relação dele com a gente é muito boa, ele é muito inteligente, deixa tudo claro para a gente. Já passou por tudo que o futebol proporcionou. Ele participa, corre com a gente, isso é um motivo a mais para a gente querer estar cada vez melhor", afirmou Araújo. E não é só palavra. O técnico, que se aposentou em 2022 após 18 anos como jogador, não fica no banco. Ele corre nos treinos, participa dos drills, dá dicas pessoais. "Ele não fala de tática como um professor. Ele fala como alguém que já viveu cada situação", contou um auxiliar da comissão técnica, sob anonimato. Isso faz toda a diferença para jovens como Araújo, que cresceram ouvindo histórias de grandes jogadores, mas raramente tinham contato real com quem já foi lá.

Entre Tite e Filipe Luís: a ponte entre duas gerações

Araújo não esquece de quem o lançou. Em sua declaração de renovação, ele agradeceu diretamente a Adenor Leonardo Bacchi (Tite): "No ano passado eu não tive muitas oportunidades. Nesse ano, graças a Deus, as coisas aconteceram. Quero agradecer ao Tite e à comissão dele. Querendo ou não, eles que me lançaram no profissional e me deram as primeiras oportunidades." É um detalhe raro e valioso: um jovem que reconhece o trabalho de dois treinadores diferentes, sem rivalidade, sem ressentimento. Tite o viu como um projeto de longo prazo. Filipe Luís o viu como peça imediata. E juntos, sem conflito, construíram um jogador.

O futuro no Maracanã: o próximo passo

O pré-temporada nos Estados Unidos termina em 25 de janeiro, mas a verdadeira prova começa em 19 de janeiro, no Maracanã, com o início do Campeonato Carioca. Araújo já é cotado para ser titular contra o Botafogo e o Fluminense. O clube espera que ele, junto com outros jovens como Matheus França e Enzo Fernandes, forme a nova geração de meio-campo. O plano? Não só vencer, mas construir identidade. "Eu sempre sonhei com isso", disse Araújo em uma entrevista anterior. "Nunca imaginei que seria tão rápido assim. Mas trabalho todo dia para estar vivendo isso."

Por que isso importa para o Flamengo?

O Flamengo vive um momento delicado: precisa renovar sem perder identidade. Gerson, aos 28, ainda é o coração da equipe, mas não pode jogar para sempre. Filipe Luís, apesar da juventude relativa como técnico, já enfrenta pressão por resultados. E Evertton Araújo? Ele é a prova de que o modelo de desenvolvimento do clube ainda funciona. Um garoto do Ninho do Urubu, sem fama, sem contrato de luxo, se torna peça essencial em 12 meses. Isso não é sorte. É estrutura. É cultura. É o tipo de história que mantém torcedores ligados — não só pelos títulos, mas por quem os constrói.